
FADE IN:
INT. QUARTO DE AUGUSTO - NOITE
AUGUSTO está deitado na cama, seu leito de morte, muito magro, pálido e em sofrimento. Vem definhando progressivamente devido a um cancro.
Na cabeceira da cama está a sua avó CACILDA, afagando-lhe a testa.
CACILDA
Como te disse, o JANELA pregou-lhe duas estaladas – e tu bem sabes como ele é a calma em pessoa – e o rapaz fugiu para nunca mais voltar, parece-me. Devias ter visto o Putzi atrás dele a ladrar.
AUGUSTO sorri penosamente.
Ouve-se o som de dois toques na porta do quarto, onde está MANUELA, cunhada de AUGUSTO, com um sorriso triste
MANUELA
Posso?
AUGUSTO tenta retirar o braço de debaixo dos lençóis, dando-lhe sinal para que entre.
CACILDA
Eu volto mais logo.
CACILDA levanta-se, beija AUGUSTO na testa e sai.
MANUELA aproxima-se da cabeceira da cama. Senta-se na cadeira onde estava CACILDA.
MANUELA
Como estás?
AUGUSTO encolhe um pouco os ombros. Tira finalmente a mão de debaixo dos lençóis. Toca-lhe nos cabelos, pede-lhe que aproxime da sua boca com o ouvido.
MANUELA
Diz.
AUGUSTO
Eu amo-te.
MANUELA sobressalta-se um pouco, afasta-se levemente de AUGUSTO. Já mais calma, como se essas palavras fossem as esperadas, afaga-lhe o cabelo. Tem um misto de ternura, pena e distância no olhar.
MANUELA
Amar é bom, meu querido.