
Some-se a isto a catástrofe que a metereologia tem trazido e perceber-se-á que o que vou dizer de seguida pode até ter algum sentido.
Acho que o Homem é um predador. Que encontrou uma maneira interessante de sobreviver como espécie - a tecnologia - que permite que as condições de vida dos seus espécimens sejam bem mais interessantes do que as dos outros predadores. Conforto, portanto. Preguiça. Estar sentado num puff a escrever um post num blogue enquanto vejo a nova temporada do Project Runway, depois de um banho bem quente e vestido de um pijama aconchegante. E que tudo isto não traz nada de mal. Nada. Ou o que traz, compensa. Pois, estamos a estragar o Ambiente, a Terra, os outros animais. Que pena. Nenhuma. A Vida é assim, e já antes os dinossauros estragaram muita coisa e nem cozinhavam antes.
Ou as glaciações; ou a deriva dos continentes no Pérmico que fez com que 95% da vida da Terra desaparecesse à 220 milhões de anos. Ou o cometa que aterrou com estrondo no Golfo do México há 65 milhões de anos e terminou com o apetite tártaro do T-Rex.
Mas posto isto, também não acho que seja preciso ser mauzinho. Parece que há um único rio na península Ibérica que ainda não teve estragos de maior às nossas mãos. E que ainda para mais se chama Sabor. E se o deixassem "sugadinho"? É mesmo preciso o raio da barragem? Não seria de fazer mais uma noutro já devidamente estragado e deixar este a correr como sempre correu?
Não que isto seja assim tão importante, convenhamos. Daqui a umas décadas a adolescência tecnológica terminará como terminam muitas: com uma passagem para a idade adulta devidamente marcada por esse período de borbulhas e camisas estampadas, muita coisa para tratar no psicanalista. Quero com isto dizer que não, que não vamos desaparecer. Que não, que a Terra não vai acabar. Só vamos é deixar de ser 6 biliões para sermos uns milhares ou poucos milhões em bolsas de sobreviventes. E que a Terra, essa, rir-se-á de nós tornando os rios entretanto barrados em novos e magníficos paraísos de selvajaria ou, digamos assim, natureza secundária e novamente virgem.
Até lá, deixem o Sabor em paz; divirtam-se mas não sejam mauzinhos, por favor.