quarta-feira, 31 de março de 2010

Não perder os três na LER!


Amanhã estará nas bancas a nova LER. Convido-vos a não perderem os três na LER. Além da crónica habitual, desta vez sobre Salazar, Pinto da Costa, José Régio e Vitor Paneira, há um direito de resposta que julgo repor alguma verdade num assunto que eu já considerava encerrado há anos e um ensaio ou uma crítica ou assim - olha eu ensaísta, crítico ou assim! - sobre o novo livro de Joaquim Manuel Magalhães: Um Toldo Vermelho; que eu, a preto e branco, digo ser Um Toldo às Escuras.

Matt

Onde anda o Matt? Ou melhor - onde andava.

[Adenda: acabei de descobrir que videos HD chapéu nesta Rua. Podem ver o Matt, mas só a dois terços, que o outro terço só mesmo rezando no youtube. Ide lá mas venham pela sombrinha. O que eu quero mesmo dizer está no fim, e faz sentido depois de visto em condições o segundo video.]

A história conta-se rapidamente: um rapaz que há uns anos resolveu viajar pelo mundo. Um amigo que a certa altura lhe disse faz lá a tua dança estúpida para eu gravar. A ideia de fazer a dança estúpida em todo o lado. Um video no youtube, um apoio de uma empresa, e a dança estúpida em todo o lado. Esta:



Anos depois, nova ideia: muitos emails recebidos das cidades onde dançou estupidamente e porque não chamá-los para gravarem todos novo video? Desta vez, ele e muito mais gente. Aqui:



Coloco-o na Rua da Castela não só pela dança estúpida. Nem pelo facto de ao segundo 53 aparecer o Terreiro do Paço (parem lá a imagem, ora vejam). Não. Coloco-o porque este video é um dos maiores hinos que conheço à raça humana. A este animal que tem em si tanto de único como de universal. As pessoas riem. Os miúdos saltam. Toda a gente dança estupidamente. E o Matt, no meio, sorridente por saber que está a permitir um abraço entre todos os povos deste planeta. A globalização não é só o G7, 8 ou 23. A globalização também pode ser isto.

terça-feira, 30 de março de 2010

Blur

É tão bom quando as coisas encerram como devem. É bom que as coisas nasçam, cresçam e acabem. Não digo que morram, que dói mais - mas que acabem.

Os Blur sempre foram bem melhores do que os Oasis. Em 1995, no auge do britpop e da guerra dos irmãos Gala não sei quê com os Blur, eu torcia por Damon Albarn e os três compinchas. Damon é um artista a sério, não é uma prima donna como qualquer um dos irmãos Gala não sei quê. Não que estes não tenham feito coisas jeitosas, que fizeram. Basta ouvir Don't Look Back in Anger para confirmar. Mas pouco mais do que isso.

Os Blur têm muito mais. Têm To the End. Têm Parklife. Têm Tender. Têm Country House. Têm Girls and Boys. Têm Bettlebum. Têm Song 2. E têm este The Universal, com que encerraram o concerto de Hide Park, no Verão passado. Depois de muita dor na separação, a reunião confirmada para a separação amigável e mais certa. Um concerto memorável, ou assim mo mostra o DVD. Ou assim o lembro em 1997, Zambujeira do Mar. Estive lá e respirei bem aquele pó ao som da Song 2.

Fiquem com o video da The Universal. Grande canção, esta. [Infelizmente com publicidade. Lamento, não consigo tirar esta, digamos, merda.]

domingo, 28 de março de 2010

Otelo, o Primeiro Homem da Luta

O que me agrada na Assírio é a sua imperfeição: uma editora é um cadáver surrealista, esquisito, cesariano. A Assírio não foi sempre a casa da poesia. A Assírio começou muito diferente. E de quando em vez surgem numa ou outra feira - desta vez por um euro na estação Oriente - exemplos de um começo tão pouco literário. Uma editora faz-se da soma dos erros que um editor toma. E, esperamos todos, ainda mais da soma dos acertos. Otelo Saraiva de Carvalho ao lado de Herberto Helder? Agrada-me. Quatro anos de diferença entre o primeiro "homem da luta" e A Cabeça Entre as Mãos. De quem gostamos mais? A capa, em cima, já é um bom pedaço de poesia...

Bolonha


Aprende-se muito nas viagens, descobri. Dantes achava que nas viagens só se aprendia o que os livros que levávamos permitiam.

Esta viagem foi diferente. Tão cansativa. Mas ao mesmo tempo, não sei bem porquê, reveladora. Nomeadamente de algumas coisas que me parecem importantes de referir. Assim:

- Em Bolonha come-se muita massa. Espanto maior é, existindo o petisco, não existir o nome "massa à bolonhesa".

- Em Bolonha a polícia quando precisa de andar mais rápido usa o Lamborghini que tem na esquadra.

- Em Bolonha a maior parte dos polícias andam de Ducati.

- Em Bolonha não hás revisores nos STCP / Carris lá do sítio. E não há tanto que ninguém paga bilhete nos autocarros.

- Em Bolonha um dos mais interessantes insultos a um jogador (ouvi-o bem alto, atrás de mim, a um jogador do Roma) é "extra-comunitário".

- Em Bolonha, por debaixo da biblioteca pública, há ruínas romanas (bem, bolonhesas, convenhamos). Nelas, um dos caminhos vai dar, em linha recta, directamente a Roma. Por alguma coisa "todos os caminhos vão dar a Roma".

- Em Bolonha descobri que os irmãos Koala não existem na televisão australiana. Na Austrália, basicamente, ninguém sabe quem é que são o Franco e o Beto.

domingo, 7 de março de 2010

Depois de ler "Um Toldo Vermelho"


The Cranberries

Tocam na quarta-feira no Campo Pequeno. Dizem-me que com a formação inicial. Nunca gostei da moçoila, sempre a achei antipática q. b.. Mas gosto do Eveybody Else is Doing it, so Why Can't We? (de 1993 e que tem Linger) e do No Need to Argue (de 94 e que tem muitas boas músicas, nomeadamente Twenty One). Depois há um ou dois singles relativamente interessantes. Porque os álbuns, sinceramente, não os conheço. Fica primeiro a citada Twenty One e depois um poema com o mesmo título da Teoria dos Conjuntos. Irei ao Campo Pequeno voltar a ter dezassete anos.



The Cranberries
[Twenty One]

Ao André

O Rambo encostado ao balcão da kitchnet, mil novecentos e noventa
e quatro. O Jonas sonhava com a Sandrina e o André guardava as laranjas
no saco para que pudéssemos, na tarde seguinte, fazer nova pontaria
às gaivotas que planavam junto ao sexto andar da casa da Alexandre
Herculano – e o Douro, em baixo, amparando a Serra do Pilar.

Vinte e um, Jorge, mal sabes tu o que é ter vinte e um anos. Eu não sabia.
O Rambo dizia da velhice como se a morte lhe estivesse já tão perto e a mim
e ao André só restasse esperar. Em mil novecentos e noventa e quatro
tínhamos ambos dezassete anos. Ele já tinha feito vinte e um, a música

dos Cranberries soava a um futuro distante. Passaram mais de dez anos.
As gaivotas continuam a planar sobre o Douro, a Serra do Pilar amparada
pelas águas, mas as laranjas acabaram quando mudamos de casa. O Jonas
esqueceu a Sandrina. O Rambo terá agora bem mais de trinta anos. E os
Cranberries soam à adolescência roubada pelo tempo – vinte e um, vinte e um,

vinte e um.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Joaquim


Pela primeira vez, aqui deixo um link para uma crónica que escrevi noutro sítio. Neste caso no Pnet Literatura.

Isto porque me parece importante que falemos da questão joaquimanuelmagalhiana. É questão estranha. Colocarei para já o link. Conto voltar ao assunto, seja no Pnet, seja aqui, em breve. Quando tiver o livro, coisa que ainda não acontece.

O link da "Revolução!".